quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

espaço no tempo...

"ticking away the moments that make up a dull day
you fritter and waste the hours in an offhand way
kicking around on a piece of ground in your home town
waiting for someone or something to show you the way

tired of lying in the sunshine, staying home to watch the rain
and you are young and life is long, and there is time to kill today
and then one day you find
ten years have got behind you
no one told you when to run, you missed the starting gun...

and you run, and you run to catch up with the sun, but it's sinking
racing around to come up behind you again
the sun is the same in a relative way, but you're older
shorter of breath and one day closer to death
every year is getting shorter never seem to find the time
plans that either come to nought or half a page of scribbled lines
hanging on in quiet desparation is the english way
the time is gone, the song is over. thought i'd something more to say..."


não é por acaso que esta música é das melhores músicas já criadas. não é por acaso que faz parte de um dos melhores, se não o melhor, àlbum da história da música. ela é excelência, desde a parte instrumental à letra. e a mensagem que transmite é clara, e ao mesmo tempo bastante filosófica.

e se vivêssemos um dia sem momentos mortos? seria isso possível? falando no bom sentido: não o fazemos; os jovens como eu gastam tempo na escola para se prepararem para ter um futuro, um emprego que nos gasta o tempo para nos dar dinheiro e gastar tempo a gastar o dinheiro. e gastar então tempo com tudo e mais alguma coisa para, passado dez anos, olharmos para trás e pensarmos no tempo todo que gastámos desnecessariamente... mas na nossa sociedade é impensável viver sem isto tudo. a vida pode esticar, mas não sabemos quando é que o elástico vai romper.

será que fazemos bem quando gastamos dois segundos à entrada do banco a segurar na porta para a pessoa de trás entrar? depende, não é?

e... viajar, conviver? claro que sim. e se o fazemos é para quê? se o momento é intenso e agradável, faz-nos mais felizes para, mais tarde, o recordar. será?

como diz a música, ainda há tempo para gastar hoje. vale a pena ficar a ver a chuva? estamos, realmente, habituados a perder o tiro de partida? não estou eu também aqui à frente do computador a gastar tempo e a escrever sem que possa ter qualquer utilidade? o tempo é aquela dimensão que faz com que as restantes se possam alterar, não é? então porque é que o tempo é uma dimensão? será que o tempo anda mais depressa ou mais devagar, ou é constante? se é constante porque é que alguns momentos passam tão rápido e outros tão devagar? se um jovem morre aos 16 anos, como infelizmente acontece, valeu a pena este ter gasto todo o tempo da sua vida a preparar-se para algo que não chegou sequer a começar?

é complicado responder a certas perguntas, não é?

acho que o tempo é dos fenómenos mais difíceis de compreender e explicar. os próprios pink floyd tiveram o seu, mas este acabou. falo da banda em si, não dos elementos da banda; à excepção de um. syd barrett. sem ele, os pink floyd não existiriam. e é verdade que a "time" não existiria, pelo menos nesta forma, e eu já estou a ir por caminhos demasiados extensos e complicados. o tempo é algo muito complexo para se falar sobre ou simplesmente questionar.

e não há prosa que diga tanto como esta poesia. ao ouvir a "time", pensamos num dos dilemas mais interessantes e retóricos da existência.

"the time is gone, the song is over, thought i'd something more to say..."

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